eu não sei dizer quando foi a primeira vez que me envolvi romanticamente com um homem. se relacionar desde nova tem dessas. e eu sempre achei que tinha gostado muito de todos e que todos que vinham na minha cabeça quando eu pensava em envolvimento amoroso tinham de fato sido algo parecido com amor, porque o amor tem muitos níveis e momentos, não é uma coisa sólida.
e sendo uma mulher que se define como romântica pensar que tinha amado os caras que passaram pela minha vida era o óbvio. até realmente amar um homem e se dar conta que todos os anteriores não passaram de experiências efêmeras.

quando entramos no campo da desilusão amorosa eu sou munida de momentos, todos eles me decepcionaram de modos diferentes e em graus diferentes e sempre fiquei desolada em todos porque além de romântica eu também sou afetada. e todas essas decepções foram vividas de formas únicas por mim, jamais sofri do mesmo jeito por homens diferentes porque cada um tinha um jeito, uma qualidade, um defeito que os constitui como ser humano tornando eles únicos assim como o sofrimento que causam.
já sofri por crer veemente que me adorava e odiava admitir e inventava as desculpas mais esfarrapadas pra isso, já culpei o fato de ser mais nova pela rejeição, a mais clássica são os momentos de vida diferentes (é o que mais me conforta) mas o que eu faço com um motivo real e comunicado? faz quatro meses que experimento todos os dias o amargo de um coração partido. e desde então tudo mudou, sou outra, a minha vida funciona de uma maneira diferente, as minhas experiências ganharam novas versões.
recentemente almocei com a minha avó e conversando sobre as nossas vidas e os nosso problemas, chorei apenas quando falei sobre ele, quando falei que a partida dele era o que somava tudo em uma grande tristeza mesmo tendo outros milhares de problemas. a minha avó apenas me olhou e falou: calma, é só o começo. falou que já tinha me visto triste e chorando por outros homens e eu nem deveria lembrar desses momentos mais, mas que ela lembrava e que dessa vez iria acontecer a mesma coisa porque é o ciclo natural de tudo.
e mesmo que este possa ser apenas mais um amontoado de palavras sobre uma coisa universal que é o envolvimento e separação romântica, eu vivi e senti coisas que jamais senti antes. foram sentimentos novos dentro de uma relação que foi verdadeiramente genuína pelo tempo que durou, pelo menos pra mim, e apesar de tudo.

eu comecei a fazer terapia porque a dor me fazia duvidar se eu realmente conseguiria sobreviver aquilo, e quando comecei a terapia eu confirmei uma questão antiga que era a óbvia necessidade de voltar a fazer analise com a minha total incapacidade de lidar com a partida dele que sacudiu tudo em mim e a minha volta, todas as sessões semanais por um período de quase três meses foram sobre ele. nada do meu eu permaneceu. todas as minhas convicções, crenças e até os meus hobbies, tudo perdeu o sentido em algum nível. não consigo mais ir ao cinema sozinha porque quando estávamos juntos só íamos no cinema juntos, não consigo mais andar pelo centro em paz porque andamos por tudo aquilo juntos, não consigo mais acompanhar o ravi leite porque ele gosta muito e sempre assistíamos os vídeos dele juntos, agora eu odeio o the weenkd e torço para que o são paulo perca todos os jogos e fracasse para todo o sempre.
a vida agora tem outra configuração. vivo em busca de algo, da superação da nossa curta história, persigo a esperança de poder me conectar novamente, persigo a superação disso com uma fé cega para que eu possa começar a minha terapia e depois de listar todos os meus problemas não encerrar com um: e eu sinto tanta falta dele, e sentir aquele bolo na garganta seguido de um choro sofrido.
mantenho ele na minha vida com um falso sentimento de bandeira branca e de autossuficiência, falo pra minhas amigas que mantenho ele nas redes sociais porque deixar de seguir ele seria uma forma de mostrar que me importo e me afeto pela situação… mas isso é mentira. eu mantenho ele pra que essa seja a impressão mas não é a verdade, a verdade é que eu o mantenho nas redes sociais porque é a única coisa que ainda nos une. logo no começo do fim, nos seguíamos em três redes sociais, no letterboxd parei de seguir ele e o bloqueei pra que ele parasse de me seguir mas ainda fico desolada de ver os pôsteres dos filmes que vimos juntos. no last.fm parei de seguir mas depois bloqueei e odiei saber que ele está ouvindo muito o álbum novo do the marías que eu estava curtindo muito, agora não consigo mais ouvir. o instagram era o nosso único elo e eu cortei ele ás quatro da manhã voltando de uma festa de halloween, completamente sóbria e em um surto de cansaço da sombra dele no meu ombro, abri o perfil e fiquei olhando as suas publicações com a mente vazia. unfollow. remover dos seguidores.
e essa quebra final de contato foi há exatamente 1 mês. e durante esse tempo ando pensando constantemente nesse relato de coração partido e na minha atual situação emocional em relação a ela e ele.
desde o unfollow no instagram o prisma ganhou uma nova face por mais ridículo que isso possa soar (são os tempos líquidos). é um alivio diário saber que ele não tem mais acesso a mim e eu não tenho a ele. é um distanciamento que me ajuda a lidar com isso diariamente. agora tenho outros dilemas (se algum homem vai fazer eu sentir QUALQUER COISA novamente, se outro homem vai gostar de mim de novo, se vou ser capaz de ir em encontros de novo, se o amor romântico vai existir pra mim, se eu vou virar a carrie com 35+ em uma situationship ridícula porque não sei identificar quando um homem me odeia, se algum dia vou encontrar o que perdi de mim com a partida dele). ainda não consigo ouvir the marías.
vivo vigiando a passagem do tempo para que as coisas ganhem mais clareza e fiquem mais fáceis.

cara, terminei um relacionamento de mais de 4 anos em novembro. terminaram, na verdade né rs eu não terminei nada rs e foi assim tb, me disse exatamente porque estava terminando, sem deixar nenhum espaço pra eu arrumar desculpas. realmente, a pior parte é a sensação de que nunca mais algo tão bom vai acontecer de novo. que nunca mais vou me sentir tão confortável com alguém, que ninguém vai gostar tanto de mim. queria vir aqui falar que é normal, que passa e que vai sim acontecer de novo em algum momento, mas eu não sei ainda se vai.
eu não tô mais triste, então posso dizer que a tristeza passa. mas também não estou 100% resolvida. tem dia que tudo que eu queria era um colinho e dormir cheirando o cangote dela, sabe? tem dia que eu queria que ela sumisse de vez e me deixasse em paz.
nessas horas parece que a gente tá sozinho, que ninguém sente nem nunca sentiu o que vc ta sentindo, mas acho que acaba sendo meio igual pra todo mundo. o que sempre me dizem: é um luto. e é difícil pra caralho.
e é inevitável não se imaginar uma Carrie da vida nessas horas kkkkk mas até pra ela as coisas deram certo em algum momento né, então.... vamos manter as esperanças.
Moça? Meu ex literalmente amava the marias, e eu gosto muito, mas sempre sinto a sombra dele em cada melodia. Você está na minha mente?